2ª PARTE: A NOITE INTERMINÁVEL
...
Eles foram antes (pra variar),
colocaram o carro na parte da frente da casa, num jardim ainda inacabado, cheio
de imperfeições no terreno, que, pra finalizar, tinha uma imensa ladeira de
terra e uma escada de acesso pra entrar na casa.
Chegamos logo depois.
Saltão 15 cm no pé, pra garantir o glaumor, e 4 malas
tamanho giga, com roupas suficientes para chuva, sol, neve, terremoto, tsunami e
qualquer outro evento climático... Eu pensei, eles foram abrir as portas da
casa, colocar a mala deles dentro e voltar pra nos ajudar, né?!
HA HA HA... Valeu Cumpade Washington,
sabe de tudo... porque a gente num sabe de nadaaaa, bando de inocentes!!
Após uns quase 5 tombos e pés
virados no caminho, colocamos as malas p/ dentro, enquanto riamos da situação
já confirmada como ridícula.
Nesse momento eu já não tinha nenhum
controle de mim... Um espírito de Sr. Lunga tinha entrado no meu corpo! (Se não
souber quem é, joga no google, miga)
Tudo posto no quarto, os meninos
nos chamam p/ aquela velha cerveja, que, a propósito, nós tínhamos levado por
precaução...
Sentamos na varanda, naquele
friozinho agradável, enquanto o desagradável do Mutema (pra não dizer outra
coisa) iniciou a conversa. O tal boquinha de inferno falava sobre a
ausência dos amigos naquela noite... Tudo seguia tranquilo, até ele comentar:
- Tudo um bando de fresco, era
pra tá aqui hoje. Avisei que vinha um mói de nega pra casa de Odorico!
Gente, antes que vocês encaminhem
esse texto para alguma ONG contra a discriminação de cor, o termo ‘nega’ para o
nordestino nada tem a ver com raça. Aqui, dois termos são utilizamos com
frequência nas conversas, que podem ter, ou não, tom pejorativo, são: nega e
caba.
No caso da história de hoje, considerando
toda a raiva acumulada da noite, e o fato que eu só queria um motivo pra brigar
com Mutema e Odorico, entendi no mal sentido (tipo mulher TPM) e entrei pra
briga, falando:
- Como é menino?! Eu tô à venda e
ninguém nem avisa?! Da próxima vez, faça a gentileza de comunicar. Ainda não tô
precisada de cafetão, mas eu pego seu cartão quando precisar dos seus serviços...
(Olhar de: bocó, bocó, bocooooooó - combinado com um risinho amarelo de simpatia disfarçada)
- Prontoooooo, agora lascou! E tu
não veio conhecer uns cabas, não?! (Risadinha sarcástica com um tom de eu sei
que seu passado, presente e futuro lhe condenam)
- Se eles tiverem qualquer coisa
semelhante à sua ilustre personalidade, prefiro entrar pra o Convento das
Carmelitas e nunca mais ver outro homem na vida que não seja Jesus... mas respondendo a sua pergunta, não, eu não vim
conhecer “uns cabas”, embora isso não seja da sua conta... (Sangue nos olhos
com uma gargalhada da Malévola).
A conversa seguiu entre ‘tocos’
discretos entre as pessoas da sala, enquanto Mutema e Odorico se pabulavam das
conquistas amorosas e chifres passados nas suas falecidas de forma "engenhosa". Viro discretamente para Bananéia
e Deusarina que fazem uma cara desesperada de “deixa passar amiga”...
Puta de raiva e pronta para usar
a primeira machadinha que algum Serial Killer pudesse me emprestar, me levantei
com um sorriso amarelo e sob o argumento de sono, chamei Pombinha pra irmos
dormir, pensando que só por me manter calada merecia o prêmio Nobel da Paz...
eu era quase um anjo de Deus (embora deixasse o rastro de um olhar de: um dia
tem volta, peste!!)
Fugidas, fomos Pombinha e eu para
o quarto, CHO-CA-DAS com a quantidade de leseira saída daquelas almas... No
meio do caminho, ela sugere:
- Sosô, vamo se acabar na cerva?
A gente leva pra o quarto e fica bebendo lá, porque a pessoa não é nem obrigada
a aguentar um troço desse...
Parecia perfeito... só que o
sonho não durou 20 minutos.
Quando a alma sebosa, digo...
Mutema, resolveu ir ao banheiro, viu que estávamos indo pegar cerveja na
cozinha... Foi quase como encontrar o Vingador, da Caverna da Dragão (até
porque eu torcia para ele ter um chifre bem grande), acabando com toda a
alegria do episódio.
Depois de arrastadas novamente
para a sala a contragosto, o telefone de Odorico toca. Eram alguns amigos
querendo conhecer as tais ‘nega’. Enquanto ele e Mutema discutiam por não
querer receber os amigos na casa, a campainha anunciava: os bofes chegaram.
Odorico sai praticamente corrido
da sala, arrastando Bananéia pra outro cômodo da casa.
Naquela hora Pombinha e eu já não
tínhamos mais saco para atender nem Caio Castro (mentiraaaa) quanto mais os
amigos desse povo. Mas não era opcional.
Eram dois meninos, no mínimo “engraçados”.
O primeiro era um garoto dos
cabelos grandes (quase na cintura), gordinho, que me focava com um olhar de “E
ai, gata?! Tudo certo já?!”, enquanto o segundo era um baixinho, moreninho, sem
pescoço e com um ego inversamente proporcional à sua altura.
Não deu 10 minutos para o segundo
casal, Mutema e Deusarina, fugir e deixar as sofridas com a missão de colocar a
dupla pra fora de casa.
Fizemos todos os procedimentos de
praxe para dispensar alguém... bocejos, conversas sobre a viagem longa, o
cansaço do trabalho, seguida daquela velha pergunta: “E vocês não estão
cansados não?!”... até a última tentativa: VASSOURA ATRÁS DA PORTA! (Nível de
desespero 5 na velocidade do creu)... Nada dava jeito!
Enquanto o visitante estilo
pigmeu contava da sua grande fama com as mulheres, nas melhores boates do Rio
de Janeiro – e eu pensava intrigada, por que??? Será que ele é muito rico?? Ele
não era bonito, não era inteligente, não era divertido, nem mesmo tinha uma
conversa interessante... Só sobrou o dinheiro – o cabeludo me pediu um CD
emprestado.
Até aí tudo bem, né?!Só que mais
uma vez o engano bateu na minha face.
Enquanto eu mangava (tirar onda
no nordestinês) de Pombinha, que pacientemente aguentava as conversas e
cantadas do anão Dunga, segui em busca do CD, deixando o cabeludinho na sala.
Ao abrir a porta do carro,
percebi não só o raiar do sol como também o Sr. Cabelo atrás de mim... Nesse
momento, fui imprensada contra o carro enquanto o gordinho saliente tentava me
roubar um beijo...
Sinceramente eu não sabia qual o
sentimento que me dominava naquele momento: a vontade de rir ou a vontade de
correr. Educadamente eu falei (porque realmente eu sou muito legal):
- Olha Cabelinho, eu vim pra
encontrar com alguém muito especial nessa vaquejada e eu realmente não quero
fazer isso com ele... (voz eu tô falando qualquer coisa p/ você sair daqui)
- Gataaaa, você tá perdendo a
chance da sua vida de ficar comigo... Vai se arrepender viu?! Olha bem nos meus
olhos, pra o meu rosto... tem certeza?!
Gente, eu dei aquele risinho
nervoso discreto, enquanto meu eu interior gargalhava em alto e bom som
esperando pra contar isso à primeira amiga que cruzasse meu caminho. Certeza
que além do rapaz não ter espelho, ele tinha uma auto-estima invejável.
Alowwwwww... Quando eu beijasse ele, será que o rapaz ia tirar uma máscara
mágica e parecer com o Capitão América ou ia ser charmoso como Cristhian Grey?!
Era isso?!
Olhei bem nos olhos deles, com
aquele cabelo comprido de mulher (em nada meu estilo), a pela oleosa e cheia de
espinhas, acrescida de uma carinha redonda embriagada, com olhos de louco. Sorrindo,
eu falei:
- Benza Deus sua auto-estima, mas
tenho muita certeza! Obrigada pela atenção... (Seguido de um curtir com a mão)
Seguimos de volta pra a sala,
onde Pombinha, com cara de zumbi, era imprensada no canto do sofá pelo rapaz
pequenino, sem grandes chances de escapatória.
Já impaciente, falei:
- Meninos, o sol já raiou. Vamo
brincar de todo mundo ir dormir, né?!... Melhor vocês irem... agora.
Pombinha deu um belo sorriso de
esperança, com o que ainda sobrava de acordado nela.
Os meninos, vencidos pelo cansaço,
se despedem. Enquanto o tal fofura me fala no ouvido:
- Xau Sofrenilda. Amanhã você vai
se arrepender disso... (Gente, pela segunda vez... Será que tinha alguma câmera
escondida e eu perdi algum prêmio milionário porque não peguei o rapaz?!
- Ok ok... Bye! (Cansada demais
pra ganhar um milhão...)
E esse foi o final do primeiro
dia... digo só o começo do que ainda estava por vir...
[...Continua...]
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